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A APROPRIAÇÃO DO LIVRO DIDÁTICO DE FÍSICA PELOS SUJEITOS ESCOLARES
JULIANA THALER

Última alteração: 2018-04-20

Resumo


Os livros didáticos ganharam destaque no cenário de pesquisa nos últimos quarenta anos. Durante esse tempo, muitas pesquisas foram desenvolvidas com o objetivo de investigar os conteúdos presentes nos livros, os programas propostos pelo governo, como por exemplo, o PNLD (Programa Nacional do Livro Didático) e a produção física do livro (CHOPPIN, 2004). Por outro lado, poucas pesquisas se preocuparam em compreender como os sujeitos escolares fazem uso do livro didático (LEITE, GARCIA e ROCHA, 2011), principalmente no que concerne ao livro didático utilizado nos cursos de ensino superior.

Durante a graduação é desejável que os alunos adquiram o hábito de estudar sozinhos e isso implica em utilizar com frequência os livros-textos. Provavelmente, todo estudante de graduação já passou por isso e em algum momento precisou do livro. Esse é um dos motivos da necessidade de analisar se e como esses sujeitos têm se apropriado dos livros didáticos, mais especificamente, os de Física.

Considerando esses aspectos, o presente trabalho destinou-se a melhorar um instrumento de pesquisa desenvolvido para diagnosticar as funções atribuídas ao livro didático de Física do ensino superior pelos alunos de um curso de engenharia da UTFPR que cursavam a disciplina de Física 4 no ano de 2016.

Os resultados da aplicação da primeira versão do instrumento, um questionário, apontaram que, predominantemente, o uso do livro didático de Física assume a função referencial, segundo categorias estabelecidas por Choppin (2004), embora em alguns casos pudessem ser também consideradas as funções instrumental e documental. O instrumento de pesquisa mostrou-se limitado por apresentar muitas questões fechadas que não permitiu aprofundar a compreensão sobre as relações que os alunos estabelecem com livro didático de Física do Ensino Superior.  Assim, para aprimorar a análise e contribuir com os estudos do grupo como um todo, foi realizada uma revisão de literatura nas sete principais revistas brasileiras de Pesquisa e Ensino de Física e Ciências, buscando alternativas para responder as questões que ficaram pouco elucidadas.

Foram categorizados e analisados 170 artigos, dos quais apenas sete versavam sobre o uso do livro didático de Física e de Ciências pelos sujeitos escolares. Os demais artigos se destinaram a aprofundar e compreender questões atreladas ao uso do livro no que diz respeito a sua influência no planejamento de aulas e o papel do professor no processo, além dos que abordavam conteúdo e análise de conteúdo.

Os resultados da revisão de literatura corroboraram com os resultados apontados pela primeira aplicação do questionário, mostrando que o livro didático assume a função referencial em termos de análise das relações professor-aluno e planejamento de aulas. Porém, os artigos que tratavam do uso dos livros no nível de ensino médio indicaram a predominância da função instrumental, sendo o livro, neste caso, utilizado majoritariamente como uma fonte de lista de exercícios.

Para complementar e compreender os indícios dos resultados obtidos, entende-se ser necessário aumentar o espectro de dados coletados acerca do uso dos livros didáticos no ensino superior, ampliando o número de questões do instrumento e expandindo o número de alunos e cursos consultados. Espera-se que com o novo instrumento e a nova amostra de alunos respondentes seja possível ampliar a compreensão sobre as funções que os alunos do ensino superior atribuem ao livro didático de Física com um pouco mais de segurança.

As considerações finais deste trabalho apontam para a necessidade da continuidade da pesquisa no ensino superior e também no aprofundamento das mudanças de concepção do uso do livro didático de Física no ensino médio e superior, mais especificamente no que diz respeito ao entendimento que é possível fazer com que os sujeitos escolares passem a enxergar o livro a partir da função documental.

 


Palavras-chave


Livro Didático. Choppin. Uso do livro didático na graduação.